Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Capítulo IV (parte 2)

Quase de forma imperceptível, Sandra sacudiu os ombros para libertar-se daquela lembrança triste, e garantiu a si mesma que não permitiria que fantasmas do passado, ainda que recentes, viessem perturbar a sua existência. Havia prometido à filha, entre lágrimas e risos, que se encontrasse novo amor não se casaria antes de sua aprovação – mas sabia que não desperdiçaria a vida chorando por um homem que não a respeitara.

Durante o tempo em que convivia com os amigos hippies, na comunidade, jamais começara um relacionamento sem terminar o anterior. Desde aquela época, acreditava que ninguém manda nas coisas do coração; porém, isso não impedia que os sentimentos de cada um fossem respeitados. Para Sandra, amor sempre foi reciprocidade, não obrigação.

E os cuidados da designer quanto à sua apresentação pessoal não passaram despercebidos a Paolo Lombardi, presidente da Gioia per Tutti, que havia comprado sua última coleção exclusiva para comercializá-la pelo mundo.

Enquanto isso acontecia na Itália, sozinha em seu apartamento, que lhe parecia tão imenso e escuro sem a radiosa presença da filha, Josephine resolveu que devia deixar de se lamentar e partir para a luta, se quisesse reconquistar o marido. Afinal, o divórcio ainda não fora assinado, e a única arma com que Cláudia contava era sua juventude. E, como lhe confidenciou a sogra, na conversa pelo telefone em que combinavam a ida de Cibele à fazenda, “isso já não está bastando para manter o interesse de Alceu pela moça. Pelo menos, é o que tenho observado nos finais de semana que eles passam aqui”.

Aluna de um dos melhores colégios da capital paulista, Josephine freqüentou a seguir o curso de Educação Artística com Licenciatura Curta e Plena em Habilitação em Música, atendendo ao desejo da mãe de que ela se tornasse professora de piano. Ao comentar a possibilidade de se tornar uma concertista, a mãe fez Josephine “esquecer essa idéia absurda”, que poderia levá-la para longe de casa. E a filha concordou, abandonando o sonho de se tornar uma grande musicista.

O namoro e o casamento com Alceu foram a coroação dos planos maternos – se bem que ela acreditava que, mesmo que os pais não aprovassem, ainda assim teria se casado com ele. A certeza de que o amava, e era correspondida, lhe teria dado forças para lutar por sua decisão.

E foi com essa certeza que Josephine se esmerou para a visita ao escritório do marido, com o pretexto de levar alguns CDs que a filha lhe pediu para enviar à fazenda.

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