Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

terça-feira, 6 de abril de 2010

Capítulo II (parte 4)

Fosse um pouco mais informado sobre a utilização de magia, Alfredo saberia que sua falta de vitalidade ao rebater às absurdas exigências de Valéria, bem como a impossibilidade de que se achava acometido de negar-lhe algum de seus pedidos, por mais estapafúrdio que lhe parecesse, só denotavam o entorpecimento de sua vontade.
Pois foi assim mesmo que a amante “o agarrou”: dobrando sua vontade à custa de um trabalho de amarração. Ainda no hospital, Valéria vislumbrou as facilidades financeiras que um relacionamento com Alfredo poderiam lhe propiciar e, sem nenhum constrangimento, em uma de suas assíduas visitas, obteve alguns fios de cabelo do moço.

Isso foi o suficiente para que “seo” Jurandir, o pai-de-santo que há tempos ela freqüentava, providenciasse “um trabalhinho” a fim de prender em suas teias o incauto executivo. É bem verdade que, a princípio, ele resistira a suas investidas sensuais, mas, depois de “amarrado”, conseguir o que queria de Alfredo era como tirar doce de criança – mesmo que quisesse, ele nem saberia como lhe dizer “Não”.
Só que, ultimamente, a presença do executivo começava a incomodá-la: perdera a vitalidade que a atraíra nos primeiros encontros, seus olhos deixaram de fasciná-la e seu constante mau humor a aborrecia.

Isso tudo, sem contar que deixara de lhe dar todos os presentes que ela exigia, além de regular o dinheiro que lhe tomava para as despesas pessoais. Se continuasse desse jeito, teria de arranjar novo “financiador”, pois Alejandro, o artista argentino que tomara como amante, já começava a reclamar dos poucos recursos que ela lhe dava.
Também, com a pequena fortuna que vinha gastando para agradá-lo – levando-o a restaurantes caros, renovando seu guarda-roupa, pagando a academia que ambos freqüentavam, bem como cabeleireiros e tratamentos estéticos –, teria de arranjar alguém que tivesse muito dinheiro.

“É, está na hora de me descartar do Alfredo. Preciso de um verdadeiro milionário, e não de um pobre assalariado como esse coitado”, pensava ela, enquanto dirigia um carro importado, do ano, que o executivo transferira para seu nome.