Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Capítulo III (parte 4)

Alice, por sua vez, aproveitando que Cibele permanecia com os olhos fechados, como se estivesse dormitando, voltou sua mente para o jovem argentino que encontrara no Masp, poucos dias antes, quando foi com Paula ver uma exposição itinerante que estava sendo apresentada pelo museu. O riso fácil do artista, que ela soube depois ser um talentoso pintor, atraiu de imediato sua atenção.

Entretanto, o jeito desdenhoso como ele tratava as pessoas à sua volta lhe provocou “um quê” de aversão. Alto, loiro, porte atlético, bem vestido, seus olhos verdes dardejavam ironia quando o rapaz se voltou. E então, por uma fração de segundos, eles se encararam e ela soube, de imediato, que seus destinos estavam se cruzando.

Entre temerosa e surpresa, Alice não soube o que fazer: se sair correndo do museu, deixando para traz aquele rapaz que, com certeza, lhe traria muitos aborrecimentos, ou continuar enfrentando o olhar de seu antagonista, mostrando uma coragem que estava longe de sentir.

Às vezes, comentava com a mãe as estranhas impressões que sentia sobre certas pessoas. Mesmo não conhecendo muitas delas, podia dizer com facilidade quais as profissões que exerciam, seus gostos e preferências, pensamentos alegres ou tristes que, porventura, estivessem abrigando em suas mentes. Sandra lhe explicara que isso era chamado de sensitividade, intuição ou mediunidade, dependendo da linha filosófica em que as pessoas acreditavam.

Daí lhe vinha, então, a certeza absoluta de que o jovem artista e ela estavam irremediavelmente enredados – mesmo que não soubesse, naquele momento, em que tramas do destino teriam um papel a desempenhar.