Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Capítulo III (parte 3)

Mesmo não se rebelando contra as determinações impostas por Sandra e Josephine, as garotas levavam uma vida normal, com algumas visitas ao shopping, festas nas casas das amigas, passeios com a turma do colégio. Mas as restrições se estendiam a baladas, noites dormidas fora de casa, bem como aos namoricos em época de aula. “Há tempo para tudo nesta vida, minha querida”, não se cansava de lembrar a mãe de Cibele, que conhecera o marido quando tinha 24 anos de idade, e se casara quatro anos depois. Assim, quando a filha nasceu, Josephine se achava preparada para recebê-la e se tornar uma mãe dedicada.

Mas, como os tempos eram outros, as garotas não deixavam de observar os colegas de escola e os jovens que encontravam nas festas que freqüentavam. E era sobre um rapaz que conversavam, à beira da piscina, enquanto saboreavam o suco de uvas frescas que vovó Esmeralda acabara de fazer. “Você viu só os músculos dos braços dele? E aquela pele bronzeada, parecendo chocolate ao leite?”, admirava-se Alice, referindo-se a Cássio, que não viam desde seis meses antes, quando estiveram ali durante as férias de dezembro. “Menina, ele está cada vez mais gatésimo...”

Cibele riu do entusiasmo da amiga, mas não pôde deixar de concordar: os traços de Cássio parece que estavam melhor definidos, e seu rosto másculo realmente a fizera pensar em como seria estar abrigada entre seus braços. Sentiu um friozinho subir pela espinha ao imaginar o toque daquelas mãos em sua pele.

Sabia que o interesse de Alice não era profundo, e que ela só comentara o que não podia passar despercebido: Cássio era, sem dúvida, um belo homem. A pele saudável resultante da vida ao ar livre, a simplicidade dos trajes – apesar do indiscutível bom gosto na escolha das peças e na combinação de cores – , a segurança na condução dos negócios da fazenda, tudo nele exalava respeito e distinção.

Foi pelo pai, que confiava de forma absoluta no rapaz, que conheceu sua vida difícil, com conquistas obtidas a duras penas. Sua origem humilde não o desmerecia a seus olhos; ao contrário, mostrava como era determinado e persistente na realização de seus objetivos.

E um meio sorriso bailou em seus lábios, quando pensou como os pais e os avós reagiriam ao saber de seu interesse por Cássio. Mas, por ora, resolveu que nem a Alice contaria sobre as emoções que a envolviam, fazendo seu coração bater mais rápido e sua respiração se tornar mais ofegante quando pensava no rapaz.

Não, primeiro ia deixar seus sentimentos se definirem mais claramente; então, sim, abriria seu coração para aqueles a quem amava tão profundamente. Enquanto isso, já estabelecia pequenos planos para se aproximar do administrador da fazenda no decorrer daquelas férias.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Capítulo III (parte 2)

Enquanto as garotas se preparavam para viajar, arrumando as malas no quarto ao lado, Josephine estava sentada em confortável poltrona ao lado da janela, com um livro aberto esquecido sobre o colo. Pensava como, antigamente, eram bons aqueles momentos que precediam as idas para a fazenda: Cibele correndo de um lado para o outro, querendo colocar dentro da mala mais do que o necessário para os dias que passariam lá; Alceu recomendando que não se esquecesse das compras especiais que fizera para os pais; ela separando as roupas leves e confortáveis que a faziam se sentir tão bem quando desfrutava aquele ambiente tão simples e natural.

Sim, era uma pena que essas visitas, agora, fizessem parte apenas de seu passado. Não podia negar que ainda era apaixonada por Alceu, o que não facilitava em nada qualquer tentativa de começar um novo relacionamento – que ela nem sequer procurava ou desejava.

Como diziam sua avó e sua mãe, ela também sentia que um grande amor era para toda a vida. E o seu amor por Alceu ainda estava muito vivo em seu coração, em sua alma. Por isso, muito bem escondida de todos, Josephine ainda guardava a esperança de que o marido voltasse para ela.

Tão logo chegou a Milão, Sandra ligou para a filha, querendo saber se elas já estavam instaladas na fazenda. “Mãe, pode ficar descansada: vovô Márcio e vovó Esmeralda prepararam um banquete para nós. Falei para a Cibele que, se a gente não se cuidar, não vai ter academia que dê jeito no excesso de peso”, riu a garota divertida, pois a primeira preocupação de sua mãe, também, era que ela estivesse bem alimentada.

“Vamos ficar no quarto rosa, pois a Cibele prefere estar de frente para a piscina; assim, se a noite estiver muito quente, podemos nos refrescar sem molhar a casa toda”, comentou Alice, lembrando a mãe da vez anterior em que estiveram ali. Como ela e a amiga ficaram do outro lado do corredor, acabaram encharcando o tapete da sala de estar ao sair da piscina, sem toalha, e atravessar o aposento e parte do corredor até atingir o quarto azul.

Confortável e espaçosa, a casa principal da fazenda tinha oito amplas suítes (cada uma pintada em cor diferente, o que lhes dava os nomes), para os moradores e hóspedes, além dos quartos menores para os empregados. Apesar disso, Cibele e Alice gostavam de ficar sempre juntas, dividindo os mesmos aposentos. Aproveitavam para conversar até de madrugada: falavam de suas vidas e comentavam sobre seus sonhos, projetos e paqueras. Outras vezes, assistiam a filmes que não seriam aprovados por suas mães, mas que eram recomendados pelas colegas do colégio.