Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Papos na rede...



Sabe aqueles projetos que a gente começa, desenvolve por um tempo, acaba abandonando, mas que vira e mexe renascem das cinzas, como uma fênix ressuscitada? Com o blog “Nefurquim, para os amigos” é isso o que acontece...
Amo escrever, tanto que minha formação acadêmica foi a Faculdade de Comunicação Social, área de Jornalismo. Por contingências da vida, foi a profissão que troquei para me tornar massoterapeuta – como sempre disse aos amigos, “quem muito fere numa encarnação, vem na seguinte com a missão de ajudar muitos a se curarem”. Então, foi essa a opção que fiz dez anos atrás.
Contudo, para não abandonar de vez minha paixão pela escrita, comecei a colocar neste blog umas “mal traçadas linhas”, a fim de não perder de vez o contato com a arte das letras. O que aconteceu, é verdade, durante algum tempo.
Mas, como muitos são os caminhos que podemos trilhar nesta vista, eis que se passaram cinco anos desde a última vez em que postei um texto para “o deleite dos amigos”, já que àquela época eu os deliciava com “a história que se escreve sozinha” – que, só para informação, ainda não terminou...
Hoje, porém, buscando retomar esse sonho que nunca me abandonou, volto a postar “Papos na rede...” – o que pretendo sejam crônicas baseadas no nosso dia a dia –, bem como a sequência, em capítulos, da história que ainda não acabou. Isso posto, vamos ao que interessa.
Quando lia Lourenço Diaféria, na Folha de São Paulo, ainda era criança, mas me encantava com suas crônicas, retratos fiéis do cotidiano vivido pelo articulista. Alguém já disse que existe “inveja boa”? Eu acredito que sim... Por isso, espero que minhas histórias sejam também momentos de relaxamento e distração, considerando-se o mundo turbulento em que atualmente vivemos.
Pensei, então, em lhes contar um incidente que aconteceu dias atrás, quando minha sobrinha-neta, a Maluzinha, comemorou seu primeiro ano de vida.
Engraçado como as crianças, às vezes, vão tão confiantes de um colo a outro dos familiares, sem se darem conta de que estão sendo transferidas de mão em mão. A Maria Luísa estava no colo de uma das tias, irmã da mãe dela, saboreando um pedacinho de pizza. Como eu queria registrar a data com uma foto da pequena em meu colo, pedi licença à tia e levei a menina comigo, a fim de que outra das tias, a irmã do pai (esta, minha sobrinha), fizesse a fotografia.
Pose tomada, duas fotos batidas, minha sobrinha veio mostrar o resultado de seu registro. Até então, Maluzinha continuava tranquila em meu colo, ainda saboreando o finalzinho do seu pedacinho de pizza.
Foi quando nos inclinamos sobre o celular de minha sobrinha que a reação da menina nos surpreendeu: assim que se viu na foto, ela se sobressaltou, se inclinou para o lado e me olhou como se estivesse me vendo pela primeira vez... Parece que até esse momento, distraída e comendo, ela não se dera conta do colo em que estava!
Segundos depois, já refeita do aparente susto, ela voltou tranquilamente ao seu finalzinho da pizza, como se nada demais tivesse acontecido. E, minutos depois, quis brincar na piscina de bolinhas – que seu pai providenciara dentre os outros brinquedos montados para as crianças se divertirem –, já que esta é, sem dúvida alguma, uma de suas diversões preferidas.
O que eu quis dizer com isso tudo, além de lhes contar esse instante hilário de conscientização da Malu? Nada demais... Apenas que não importa se a criança está acostumada a ver você todos os dias. O que interessa mesmo é o carinho que lhe é transmitido com o calor dos braços e o afago das mãos. Se isso acontece, ela nem vai perceber quem a está carregando – a menos que veja seu rosto “estampado” ao lado do dela numa foto tirada para guardar de recordação!...




terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Capítulo V (parte 3)

O resultado é que Valéria, depois de vender o que conseguira arrancar de Alfredo, teve de voltar ao seu antigo metiê, pois agora também o executivo estava fora de suas garras. Ela bem que tentou regressar ao apartamento do ex-amante, depois de ser expulsa por Alejandro de sua casa. Mas, liberado do topor que o feitiço lhe havia provocado, senhor novamente de sua vontade, Alfredo nem permitiu que ela ingressasse no prédio onde morava.


De volta às ruas, contudo, a prostituta prometia a si mesmo que ainda se vingaria de Alejandro, pois ele a havia usado e a jogara fora como um trapo. “Ah, ele que me aguarde. O que é dele está bem guardado... eu não vou deixar isso ficar assim.”

Longe dali, na Fazenda Pingo de Ouro, enquanto se secavam ao sol, deitadas em uma grande pedra junto da cachoeira, Cibele e Alice estavam confidenciando, uma à outra, os seus sentimentos mais secretos.

Para Cibele, falar à amiga sobre seu amor por Cássio estava sendo mais fácil do que havia imaginado, pois a certeza do que sentia se acentuara com a convivência dos últimos dias.

Depois que terminava de despachar no escritório, na sede da fazenda, o rapaz ficava algum tempo conversando com as garotas na varanda da casa, onde elas costumavam tomar o lanche da tarde. Em papos sobre assuntos triviais, os três esbanjavam o frescor da juventude, e suas risadas espontâneas e francas podiam ser ouvidas até na cozinha, que ficava do outro lado da casa.

Quando isso acontecia, os avós da garota apenas trocavam olhares sorridentes e cúmplices, uma vez que percebiam no interesse recíproco de Cibele e Cássio a melhor alternativa para evitar a Alceu um grande dissabor. Gostavam do jovem administrador e sabiam que, se havia de fato algo entre ele e Cláudia, a culpa era da amante de seu filho.

Alice, por sua vez, quando falou à amiga sobre o pintor argentino que ela encontrara no Masp e que tão impressionada a deixou, não soube precisar quais eram seus sentimentos com relação ao rapaz. “Ao mesmo tempo em que me senti atraída pelo seu riso fácil, que parecia vir da alma, fiquei aterrorizada com a ironia que ele espelhava nos olhos – parecia estar zombando de todo mundo que estava em volta”, sentenciou.

“Bem, seja lá o que for que esteja sentindo por ele, parece que você só vai sossegar quando falar com o fulaninho, não é mesmo?”, perguntou Cibele, meio que afirmando, já que conhecia bem o temperamento da amiga.

“Como é que você adivinhou?”, falou Alice, ao mesmo tempo que sorria para Cibele, contando ainda que havia descoberto que ele se chamava Alejandro Herrera. “E, no começo do próximo mês, ele estará expondo seus quadros numa galeria da Oscar Freire. Que me diz de irmos à exposição? A irmã da nossa amiga Paula, com quem fui ao Masp, trabalha na Assessoria de Imprensa que presta serviços ao marchand, dono da galeria.”

Rindo do entusiasmo de Alice, que nunca mostrara interesse por nenhum dos rapazes que conheciam, Cibele se comprometeu a estar presente quando a amiga encontrasse o “pintor maldito”, como elas o apelidaram.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Capítulo V (parte 2)

Diferentemente de suas outras amantes, a proprietária da casa/estúdio que Alejandro ocupava não se relacionava sexualmente com ele. Seu patrocínio se baseava na certeza de que estava auxiliando um grande artista a compartilhar suas obras com o mundo. Quando o conheceu, em uma de suas viagens à Argentina, ele vendia seus quadros em uma praça de Buenos Aires.


Sophia ficou encantada não somente com as obras, mas também com aqueles olhos verdes muito irônicos, que zombavam dos turistas enquanto seus lábios sorriam e suas palavras soavam doces aos ouvidos mais desavisados.

Por isso, sabia o que estava fazendo quando o trouxe para o Brasil, onde contava com grandes amigos no mundo das artes plásticas. Logo, Alejandro se enturmou com seus pares, e não era raro encontrá-lo bebericando, num final de tarde, num dos muitos barzinhos da Vila Madalena, comentando as exposições mais recentes ou opinando sobre os trabalhos dos muitos amigos que já fizera neste país.

Envolver-se com as mulheres era para ele um jogo divertido, uma verdadeira batalha de sedução – da qual, invariavelmente, elas saíam vencidas. Por isso, Sophia não se preocupava com as muitas conquistas que seu protegido teimava em realizar, apenas pelo prazer de mostrar como as amantes podiam ser dominadas pelos seus desejos.

Enquanto sua pintura não fosse prejudicada, os desvarios de Alejandro com relação às mulheres não constituíam problema para sua protetora. Contudo, ela sempre procurava estar informada sobre a amante do momento. E, quando ele lhe falou de Valéria pela primeira vez, um sinal inconsciente de alarme fez com que Sophia procurasse a ajuda de um vidente, seu amigo de longa data.

Ao relatar a Alfonso a sensação ruim que o nome da moça lhe provocara, pediu que verificasse as energias que a circundavam, porque não gostara do que havia sentido. “Acho que, desta vez, Alejandro pode se complicar de fato ao se envolver com essa Valéria. As vibrações que senti me fizeram arrepiar – foi grande a impressão de desconforto que me acometeu”, explicou Sophia ao amigo.

Por isso, aconselhada pelo vidente, ela preparou alguns banhos com ervas para o artista – que adorava os “banhos de cheiro” que Sophia, às vezes, lhe obrigava a tomar –, assim como cercou o ateliê com pontos magísticos que o protegeram das investidas que o pai-de-santo tentou contra ele para dominar a sua vontade.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Capítulo V (parte 1)

Alejandro já se cansara das cobranças de Valéria. A princípio, o jeito extravagante da garota até que lhe despertara o interesse, e sua fogosidade na cama também estimulava sua paixão por ela. Mas, decorrido bem pouco tempo, seu linguajar chulo – com muita gíria e palavrões – deixou de ser folclórico e passou a ser grosseiro, em sua concepção de artista.

Acostumado a ter a seus pés mulheres ricas, belas e cultas, que lhe custeavam a satisfação de todos os seus desejos, o pintor se questionava por que aquela mulher o atraíra. Contudo, passada a curiosidade inicial – sim, só podia ser isso que o induzira a se tornar seu amante –, a vulgaridade da moça tornou-se incômoda, e ele começou a evitá-la.

Recorrendo mais uma vez aos trabalhos do pai-de-santo, “seo” Jurandir, Valéria teve de escolher, entre os amantes, a quem pretendia “deixar amarrado”, e ela optou por Alejandro, pois o artista estava preparando uma exposição que, segundo seu marchand, seria um sucesso. Para a moça, estava na hora de o pintor devolver-lhe, com juros, o investimento que fizera nele.

Assim, numa manhã em que a sorte sorriu para Alfredo – que se livrava de uma peste, sem nem mesmo dar-se conta disso –, Valéria fez suas malas e carregou tudo o que pôde do apartamento do amante, dirigindo-se ao ateliê de Alejandro. O que ela não esperava, porém, é que fosse encontrá-lo ao lado de Sophia, a proprietária do imóvel que ele ocupava e uma de suas “financiadoras”.

“O que você quer aqui?”, perguntou o artista, ao ver as malas que Valéria carregava. Desconcertada pela presença da outra mulher, ela apenas gaguejou: “Bem... pensei que poderia vir morar com você...”, e mais não disse, intimidada pela gargalhada de Alejandro. Dardejando chispas de ironia com os olhos, ele foi bem sarcástico com ela ao comentar: “E o que lhe deu a idéia de que era isso o que eu queria?”

Dessa vez, foi Valéria quem ficou sem entender nada. “Como a magia do ‘seo’ Jurandir funcionou tão bem com o Alfredo, mas não dobrou a vontade de Alejandro?”, queria saber. O que não desconfiava é que a falta de sentimentos do artista com relação a ela o tornara imune a seus feitiços – bem como a vigilância espiritual que Sophia exercia sobre o rapaz.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Capítulo IV (parte 3)

Com os olhos focados no infinito, Alceu cismava, esquecido do processo que o jovem estagiário havia deixado sobre sua mesa para ser avaliado. Pensava na esposa – considerando que podia chamá-la desse modo, pois o divórcio ainda não fora consumado –, e sentiu saudades.

Todas as tardes, ao chegar em casa, tomava um banho morno a fim de relaxar. Logo a seguir, ia para a sala de tevê, onde Josephine o esperava com um drinque e muito carinho. Sim, pois em tudo que ela lhe fazia havia um toque especial, o cuidado que só se dedica às pessoas que amamos. E ela o amava...

E o que dizer de seus sentimentos? É bem verdade que se entusiasmou com a juventude e beleza de Cláudia, seu interesse por ele, um homem maduro. Mas a ausência de outras qualidades na moça, incluindo a falta de vocabulário para manter uma conversação minimamente inteligente, estava começando a aborrecê-lo.

Passada a animação dos primeiros meses, a convivência com Cláudia estava indo de mal a pior. Sem nenhum preparo para administrar uma casa, ela insistia em continuar trabalhando no escritório, no contato externo com os clientes, deixando a organização do apartamento nas mãos da empregada. E já Alceu acreditava que, se fosse de outro jeito, nem alimentação ou roupa lavada ele teria em casa.

Estranho, mas a verdade é que nunca pensou na nova residência como um lar, sua casa. Guardava esse sentimento para o apartamento agora dividido somente pela mulher e a filha, Cibele. Será que elas sentiam tanto a sua falta como ele a delas?

Quase como respondendo a esses pensamentos, a secretária anunciou a presença de Josephine, que queria lhe falar. Não só pediu que ela entrasse, mas encomendou também café e água para os dois. “Que prazer vê-la aqui, Jô”, recebeu-a à porta de sua sala, sem conter todo seu contentamento. “Há quanto tempo você não nos visita?”, cobrou ele, mostrando um cativante sorriso.

Leda, a recepcionista, que falava com a copa solicitando os cafezinhos, voltou a cabeça em direção ao patrão – e registrou mentalmente a cena, que haveria de reproduzir depois para a amiga Cláudia. “Afinal, se não fosse pela Cláudia, eu não teria conseguido este emprego”, ela lembrou.

Cavalheiro como sempre, Alceu ofereceu o braço à esposa para introduzi-la no escritório e, ao deixá-la próxima ao pequeno sofá onde acomodava os amigos que o visitavam, observou enquanto segurava suas mãos: “Cada dia que passa, você se torna ainda mais bela, minha querida”. E a seguir, com toda a doçura, beijou-lhe as mãos.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Capítulo IV (parte 2)

Quase de forma imperceptível, Sandra sacudiu os ombros para libertar-se daquela lembrança triste, e garantiu a si mesma que não permitiria que fantasmas do passado, ainda que recentes, viessem perturbar a sua existência. Havia prometido à filha, entre lágrimas e risos, que se encontrasse novo amor não se casaria antes de sua aprovação – mas sabia que não desperdiçaria a vida chorando por um homem que não a respeitara.

Durante o tempo em que convivia com os amigos hippies, na comunidade, jamais começara um relacionamento sem terminar o anterior. Desde aquela época, acreditava que ninguém manda nas coisas do coração; porém, isso não impedia que os sentimentos de cada um fossem respeitados. Para Sandra, amor sempre foi reciprocidade, não obrigação.

E os cuidados da designer quanto à sua apresentação pessoal não passaram despercebidos a Paolo Lombardi, presidente da Gioia per Tutti, que havia comprado sua última coleção exclusiva para comercializá-la pelo mundo.

Enquanto isso acontecia na Itália, sozinha em seu apartamento, que lhe parecia tão imenso e escuro sem a radiosa presença da filha, Josephine resolveu que devia deixar de se lamentar e partir para a luta, se quisesse reconquistar o marido. Afinal, o divórcio ainda não fora assinado, e a única arma com que Cláudia contava era sua juventude. E, como lhe confidenciou a sogra, na conversa pelo telefone em que combinavam a ida de Cibele à fazenda, “isso já não está bastando para manter o interesse de Alceu pela moça. Pelo menos, é o que tenho observado nos finais de semana que eles passam aqui”.

Aluna de um dos melhores colégios da capital paulista, Josephine freqüentou a seguir o curso de Educação Artística com Licenciatura Curta e Plena em Habilitação em Música, atendendo ao desejo da mãe de que ela se tornasse professora de piano. Ao comentar a possibilidade de se tornar uma concertista, a mãe fez Josephine “esquecer essa idéia absurda”, que poderia levá-la para longe de casa. E a filha concordou, abandonando o sonho de se tornar uma grande musicista.

O namoro e o casamento com Alceu foram a coroação dos planos maternos – se bem que ela acreditava que, mesmo que os pais não aprovassem, ainda assim teria se casado com ele. A certeza de que o amava, e era correspondida, lhe teria dado forças para lutar por sua decisão.

E foi com essa certeza que Josephine se esmerou para a visita ao escritório do marido, com o pretexto de levar alguns CDs que a filha lhe pediu para enviar à fazenda.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Capítulo IV (parte I)

Absorto com os lançamentos contábeis que estava preparando para apresentar ao patrão, Cássio parou por um instante e, sem querer, soltou um suspiro profundo, como que libertando de dentro do peito aquela sensação doída que aí se instalara depois de ter ajudado o sr. Márcio a levar para dentro da casa a bagagem de sua neta.

Em apenas seis meses, parecia estar diante de uma outra pessoa: Cibele deixara de ser uma adolescente e se transformara numa bela mulher. Acompanhara muitas vezes as conversas em que os avós da garota falavam sobre suas atividades – a personal trainner, natação, academia –, mas não imaginava que as mudanças fossem tantas, e tão acentuadas.

Seios fartos, cabelos sedosos, corpo cheio de curvas... Sem dúvida, era impossível olhar para ela e não desejá-la. “Mas não é só isso: daria a minha vida por ela, se fosse preciso!”, pensou Cássio, estremecendo com a força dessa decisão.
Sim, não se tratava apenas de desejo físico – o que sentia pela garota era muito mais forte e profundo. Percebeu então, com assombro, que estava completamente apaixonado pela filha do patrão!

Despreocupada por saber que a filha estava sendo bem cuidada, Sandra preparou-se para a reunião que estava marcada para o final daquela tarde, em Milão. Depois de passar pelo salão de beleza do hotel, para rápida ajeitada nos cabelos e unhas, percebeu no espelho o resultado e gostou do que viu.

Aos 37 anos, cabelos negros como os da filha, olhos azuis e amendoados – herança dos avós espanhóis – , sua ascendência moura podia ser confirmada na pele de pêssego, que se tornava acobreada à menor exposição ao sol. Sim, ainda era uma mulher bonita. Apesar de ter passado pelos dissabores da separação, não se julgava sem qualidades para atrair um homem – mesmo que o marido a tivesse trocado por uma prostituta.

“Com certeza, ela deve saber de truques que desconheço para satisfazer um homem na cama. Mas garanto que nunca vai se entregar a Alfredo com o amor e carinho que eu dediquei a ele”, murmurou Sandra para a imagem no espelho, enquanto uma sombra de tristeza toldava seus olhos.