Enquanto as garotas se preparavam para viajar, arrumando as malas no quarto ao lado, Josephine estava sentada em confortável poltrona ao lado da janela, com um livro aberto esquecido sobre o colo. Pensava como, antigamente, eram bons aqueles momentos que precediam as idas para a fazenda: Cibele correndo de um lado para o outro, querendo colocar dentro da mala mais do que o necessário para os dias que passariam lá; Alceu recomendando que não se esquecesse das compras especiais que fizera para os pais; ela separando as roupas leves e confortáveis que a faziam se sentir tão bem quando desfrutava aquele ambiente tão simples e natural.
Sim, era uma pena que essas visitas, agora, fizessem parte apenas de seu passado. Não podia negar que ainda era apaixonada por Alceu, o que não facilitava em nada qualquer tentativa de começar um novo relacionamento – que ela nem sequer procurava ou desejava.
Como diziam sua avó e sua mãe, ela também sentia que um grande amor era para toda a vida. E o seu amor por Alceu ainda estava muito vivo em seu coração, em sua alma. Por isso, muito bem escondida de todos, Josephine ainda guardava a esperança de que o marido voltasse para ela.
Tão logo chegou a Milão, Sandra ligou para a filha, querendo saber se elas já estavam instaladas na fazenda. “Mãe, pode ficar descansada: vovô Márcio e vovó Esmeralda prepararam um banquete para nós. Falei para a Cibele que, se a gente não se cuidar, não vai ter academia que dê jeito no excesso de peso”, riu a garota divertida, pois a primeira preocupação de sua mãe, também, era que ela estivesse bem alimentada.
“Vamos ficar no quarto rosa, pois a Cibele prefere estar de frente para a piscina; assim, se a noite estiver muito quente, podemos nos refrescar sem molhar a casa toda”, comentou Alice, lembrando a mãe da vez anterior em que estiveram ali. Como ela e a amiga ficaram do outro lado do corredor, acabaram encharcando o tapete da sala de estar ao sair da piscina, sem toalha, e atravessar o aposento e parte do corredor até atingir o quarto azul.
Confortável e espaçosa, a casa principal da fazenda tinha oito amplas suítes (cada uma pintada em cor diferente, o que lhes dava os nomes), para os moradores e hóspedes, além dos quartos menores para os empregados. Apesar disso, Cibele e Alice gostavam de ficar sempre juntas, dividindo os mesmos aposentos. Aproveitavam para conversar até de madrugada: falavam de suas vidas e comentavam sobre seus sonhos, projetos e paqueras. Outras vezes, assistiam a filmes que não seriam aprovados por suas mães, mas que eram recomendados pelas colegas do colégio.
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