Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Capítulo I (parte 4)

Dessa forma, as amigas estavam assiduamente uma na companhia da outra, além de compartilharem sua amizade com outras poucas colegas de escola admitidas pelas respectivas mães. “Foram-se os tempos em que apenas a paz e o amor imperavam. Hoje, reinam as drogas e as pessoas se esqueceram dos valores éticos e morais que devem conduzir a vida em sociedade”, não se cansava de afirmar a mãe de Alice.
Embaladas pelos sons mágicos que vinham do aparelho de CD – “música para o corpo e a alma”, como enfatizara Alice –, as garotas passaram a rever toda a matéria que os professores haviam selecionado para as próximas provas.

Enquanto as jovens se dedicavam aos estudos com bastante afinco, já que ambas eram consideradas as melhores em sua turma, a mãe de Alice tentava, pela trigésima vez, completar uma ligação para falar com o ex-marido. De uns tempos para cá, Alfredo havia dado para beber, e começara a atrasar a pensão da filha – já fazia dois meses que nenhum tostão tinha sido depositado na conta bancária que abrira especialmente para isso, como determinara o juiz por ocasião do divórcio.
Mais uma vez, a telefonista lhe informara que “o dr. Alfredo saíra para almoçar e ainda não regressara”. Isso, às cinco horas da tarde... Onde andaria o ex-marido? Será que agora deixara também de cumprir com suas obrigações profissionais para andar atrás daquela vigarista?

Sim, porque Sandra não tinha outra definição para aquela sujeitinha de unhas compridas sempre pintadas de vermelho, como os lábios muito carnudos e sensuais, vestida com aquelas saias “curtésimas” e um monte de bijuterias penduradas pelas orelhas, pescoço e dedos...
Está certo que ela também sempre gostara de bijuterias... mas Sandra preferia aquelas mais delicadas, muitas delas feitas pelos amigos nas comunidades onde morara antes de encontrar o ex-marido.
A primeira vez que o viu, Alfredo estava viajando para um paraíso tropical no mesmo navio em que Sandra, então uma hippie, vendia parte da produção artesanal comunitária. Foram dias de deslumbramento para os dois.
Ao voltarem ao Brasil, além de acertar as contas com os amigos pelos objetos vendidos durante o cruzeiro, Sandra aproveitara para se despedir de todos, antes de ir viver com o executivo, que trabalhava numa grande multinacional. Isso havia acontecido cerca de 17 anos antes.
Logo engravidara, e Alfredo fez questão de se casar com ela, para que o bebê viesse ao mundo “com toda a proteção da lei”. E ela havia cedido, apesar de acreditar que o casamento oficial não fazia a menor diferença na sua relação a dois...

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