Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Capítulo II (parte 2)

- Parece que você se esqueceu de muitos preceitos que seguiu quando vivia em comunidade, e que me ensinou quando veio morar comigo. Um deles dizia para ajudarmos a quem precisa, sem esperar retorno pelo nosso auxílio.
E Sandra foi obrigada a concordar com o marido, mas não podia negar aquela sensação de incômodo que teimava em se manifestar bem no seu íntimo.
Com a internação de Valéria – motivada pela grande debilidade orgânica que a vitimara, resultado de uma vida desregrada e pouco farta quanto à alimentação –, Alfredo passou a dar assistência à moça, e muitas vezes passava pelo hospital antes de regressar a sua casa, depois do trabalho. Os grandes olhos verdes de Valéria muitas vezes o prendiam mais do que gostaria de se demorar ali, mas acabava cedendo aos seus apelos porque só assim conseguia ver um pálido sorriso no rosto da socorrida.
Foram quase três semanas de visitas diárias, que criaram um laço de carinho muito especial entre o salvador e sua protegida. Ao deixar o hospital, Valéria foi para um pequeno apartamento alugado por Alfredo, já que, na noite em que foi socorrida, havia sido expulsa do local onde morava pelo seu cafetão.
Custeada pelo executivo, ela acabou deixando de praticar o metiê, e logo em seguida se tornaram amantes.

Recordando todos aqueles momentos sofridos, quando teve de encarar que perdera o marido para uma prostituta, Sandra principiou a sentir remorso pela praga que lhe rogara, quando Alfredo deixou sua casa para ir viver com Valéria. Seu agora ex-marido havia alugado a cobertura num edifício recém-construído no bairro da Vila Madalena, pois a sujeitinha adorava “transitar no meio de artistas” – e ali, com certeza, pintores, escultores, poetas e escritores, dentre outros, havia às dúzias... Ela dissera, então, que a cabeça de Alfredo não seria grande o suficiente para carregar “os galhos” que a outra lhe arranjaria. E depois disso tudo não se passaram nem seis meses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário