Tributo à Mãe Natureza

Tributo à Mãe Natureza
Pelas águas limpamos nossos corpos e nossas almas; com a água, nossos espíritos se nutrem...

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Capítulo II (parte 3)

Ao chegar ao escritório, Alfredo andava cabisbaixo, sem nem sequer responder ao cumprimento de seus subordinados. A secretária lhe entregou os muitos recados deixados pela ex-esposa no dia anterior, mas ele depositou os papéis sobre a mesa sem nem mesmo olhá-los. Recostou-se no alto espaldar da cadeira e passou as mãos pelo rosto cansado.

Como poderia suportar aquilo tudo que estava acontecendo com ele? Por que não se sentia com forças para reagir e dar nova direção à sua vida?
Desde que abandonara a esposa e a filha para ir viver com Valéria, parece que havia perdido o controle das coisas. Seu salário – um dos maiores daquela empresa multinacional, já que respondia pela Diretoria Financeira – já não estava sendo suficiente para pagar todas as despesas.

Antes, conseguia guardar boa parte do que ganhava, mesmo dando um padrão de vida muito bom para Sandra e Alice. Moravam em casa própria, com piscina, no bairro do Sumaré, em região considerada das mais valorizadas da cidade. Tinham sempre na garagem dois carros do ano, importados, e nas férias podia proporcionar à família viagens pelo Brasil e ao Exterior.

Agora, com os caros “mimos” que a amante lhe arrancava – novas jóias todas as semanas, roupas de grifes famosas e rápidas viagens aos locais turísticos considerados “in” no Brasil –, as economias de longos anos se esvaíram num piscar de olhos.

Até os recursos que reservara para os estudos da filha haviam sido consumidos pela avidez de Valéria. E o pior de tudo isso é que ele não conseguia lhe dizer “Não”, mesmo discordando de suas extravagâncias. “Se acreditasse no sobrenatural, até pensaria que fui enfeitiçado por ela”, pensou, para logo em seguida sorrir tristemente ante o que julgou ser um devaneio descabido.

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